1) A 2ª Plenária Nacional dos Metalúrgicos é ato de resistência. No momento em que lideranças sindicais metalúrgicas de todas as regiões brasileiras participam desta atividade, o País se aproxima da marca de 450 mil vítimas da pandemia de Covid-19. Dessas mortes, milhares são de trabalhadores operários. Vamos para o 15º mês de crise sanitária, mas apenas 20% da população foi vacinada. No Senado, a CPI da Covid-19, instalada em abril, revela vários indícios de omissões e negligência do governo Bolsonaro. Assim, enquanto diversos países controlaram minimamente a pandemia e já ensaiam uma reabertura econômica, o Brasil corre o risco de viver uma terceira onda.
2) A Covid agravou ainda mais uma ampla crise que já estava em curso no País. É uma crise política porque, no pós-golpe de 2016, a extrema-direita se fortaleceu, chegou ao poder com Jair Bolsonaro e não parou de atentar contra o Estado Democrático de Direito. O presidente e seus aliados pregam a política de ódio, espalham fake news, agridem governadores e ministros do STF, elogiam a ditadura militar e seus torturadores, além de desrespeitar a Constituição.
3) É também uma crise econômica e, acima de tudo, industrial. A operação Lava Jato acelerou a desindustrialização da nossa economia e a entrega de setores estratégicos para o capital estrangeiro. Conforme estudo do Dieese, a Lava Jato levou o País a perder cerca de R$ 172,2 bilhões em investimentos, inviabilizando a criação de 4,4 milhões de empregos. Políticas industriais são sumariamente interrompidas num período em que centenas de fábricas fecham as portas a cada mês. Multinacionais como Ford, Mercedes-Benz, Audi, Sony e LG deixam o Brasil, total ou parcialmente. Com Bolsonaro, o País vive uma regressão, se submete à lógica das commodities e aceita o papel vergonhoso de “grande fazenda” das nações ricas.
4) A crise é igualmente social e trabalhista. Bolsonaro manteve o teto de gastos, cortou recursos da educação pública e do SUS (Sistema Único de Saúde), atacou a aposentadoria e outros direitos dos trabalhadores. O efeito foi devastador: 14,4 milhões de brasileiros estão desempregados e mais de 60 milhões vivem em condições de pobreza. A insegurança alimentar é uma realidade para 117 milhões de pessoas, das quais 19,1 milhões efetivamente passam fome. Mesmo com a alta na inflação de alimentos e de outros itens da cesta básica, o auxílio emergencial foi reduzido a menos de um terço do valor inicial. As comunidades vulneráveis dependem cada vez mais de ações de solidariedade para sobreviver.
5) Porém, este cenário, por mais desafiador que seja, não intimida o movimento sindical brasileiro. Em 1º de maio, as centrais sindicais voltaram a promover uma celebração unificada do Dia do Trabalhador, em defesa da vida, da democracia, do emprego e do auxílio emergencial de R$ 600. A CTB e a CGTB anunciam uma união que vai fortalecer o sindicalismo classista. No movimento metalúrgico, o diálogo entre diferentes correntes e tendências também se pauta pela busca da unidade na luta.
6) A Fitmetal, à luz desses desafios, renova seu compromisso em lutar pela unidade do movimento sindical e por uma amplíssima frente anti-Bolsonaro. Temos investido mais – e melhor – na relação com as entidades de base. Promovemos dois ciclos de debates em 2021 (um sobre questões sindicais e outro sobre a indústria nacional). Aproveitamos a preparação para esta Plenária e fizemos importantes rodadas de reuniões com cada entidade filiada. Hoje, estamos mais cientes das demandas que as bases nos trazem. Munidos dessas preocupações, propomos o Plano de Ação da Fitmetal 2021.
7) Há mais de 225 anos, o revolucionário mineiro Tiradentes, patrono da categoria metalúrgica e da nação brasileira, afirmou: “Se todos quisermos, poderemos fazer deste país uma grande nação”. Para isso, hoje, é preciso garantir vacina para todos já e reindustrializar o Brasil com urgência. É necessária uma retomada econômica segura, visando o crescimento sustentável e o desenvolvimento nacional soberano. Precisamos de mais empregos e mais direitos. Precisamos vencer os vírus da pandemia e do bolsonarismo. Vamos resistir e vamos lutar – por mais vacina, mais indústria, mais empregos! Viva a categoria metalúrgica! Fora, Bolsonaro!
Betim, 22 de maio de 2021
A 2ª Plenária Nacional dos Metalúrgicos