Editorial

A categoria metalúrgica resiste – Mais vacina, mais indústria, mais empregos!

Confira a resolução da 2ª Plenária Nacional dos Metalúrgicos


POR FITMETAL

Publicado em 24 de maio de 2021


1) A 2ª Plenária Nacional dos Metalúrgicos é ato de resistência. No momento em que lideranças sindicais metalúrgicas de todas as regiões brasileiras participam desta atividade, o País se aproxima da marca de 450 mil vítimas da pandemia de Covid-19. Dessas mortes, milhares são de trabalhadores operários. Vamos para o 15º mês de crise sanitária, mas apenas 20% da população foi vacinada. No Senado, a CPI da Covid-19, instalada em abril, revela vários indícios de omissões e negligência do governo Bolsonaro. Assim, enquanto diversos países controlaram minimamente a pandemia e já ensaiam uma reabertura econômica, o Brasil corre o risco de viver uma terceira onda.

2) A Covid agravou ainda mais uma ampla crise que já estava em curso no País. É uma crise política porque, no pós-golpe de 2016, a extrema-direita se fortaleceu, chegou ao poder com Jair Bolsonaro e não parou de atentar contra o Estado Democrático de Direito. O presidente e seus aliados pregam a política de ódio, espalham fake news, agridem governadores e ministros do STF, elogiam a ditadura militar e seus torturadores, além de desrespeitar a Constituição.

3) É também uma crise econômica e, acima de tudo, industrial. A operação Lava Jato acelerou a desindustrialização da nossa economia e a entrega de setores estratégicos para o capital estrangeiro. Conforme estudo do Dieese, a Lava Jato levou o País a perder cerca de R$ 172,2 bilhões em investimentos, inviabilizando a criação de 4,4 milhões de empregos. Políticas industriais são sumariamente interrompidas num período em que centenas de fábricas fecham as portas a cada mês. Multinacionais como Ford, Mercedes-Benz, Audi, Sony e LG deixam o Brasil, total ou parcialmente. Com Bolsonaro, o País vive uma regressão, se submete à lógica das commodities e aceita o papel vergonhoso de “grande fazenda” das nações ricas.

4) A crise é igualmente social e trabalhista. Bolsonaro manteve o teto de gastos, cortou recursos da educação pública e do SUS (Sistema Único de Saúde), atacou a aposentadoria e outros direitos dos trabalhadores. O efeito foi devastador: 14,4 milhões de brasileiros estão desempregados e mais de 60 milhões vivem em condições de pobreza. A insegurança alimentar é uma realidade para 117 milhões de pessoas, das quais 19,1 milhões efetivamente passam fome. Mesmo com a alta na inflação de alimentos e de outros itens da cesta básica, o auxílio emergencial foi reduzido a menos de um terço do valor inicial. As comunidades vulneráveis dependem cada vez mais de ações de solidariedade para sobreviver.

A Fitmetal, à luz dos desafios, renova seu compromisso em lutar pela unidade do movimento sindical e por uma amplíssima frente anti-Bolsonaro

5) Porém, este cenário, por mais desafiador que seja, não intimida o movimento sindical brasileiro. Em 1º de maio, as centrais sindicais voltaram a promover uma celebração unificada do Dia do Trabalhador, em defesa da vida, da democracia, do emprego e do auxílio emergencial de R$ 600. A CTB e a CGTB anunciam uma união que vai fortalecer o sindicalismo classista. No movimento metalúrgico, o diálogo entre diferentes correntes e tendências também se pauta pela busca da unidade na luta.

6) A Fitmetal, à luz desses desafios, renova seu compromisso em lutar pela unidade do movimento sindical e por uma amplíssima frente anti-Bolsonaro. Temos investido mais – e melhor – na relação com as entidades de base. Promovemos dois ciclos de debates em 2021 (um sobre questões sindicais e outro sobre a indústria nacional). Aproveitamos a preparação para esta Plenária e fizemos importantes rodadas de reuniões com cada entidade filiada. Hoje, estamos mais cientes das demandas que as bases nos trazem. Munidos dessas preocupações, propomos o Plano de Ação da Fitmetal 2021.

7) Há mais de 225 anos, o revolucionário mineiro Tiradentes, patrono da categoria metalúrgica e da nação brasileira, afirmou: “Se todos quisermos, poderemos fazer deste país uma grande nação”. Para isso, hoje, é preciso garantir vacina para todos já e reindustrializar o Brasil com urgência. É necessária uma retomada econômica segura, visando o crescimento sustentável e o desenvolvimento nacional soberano. Precisamos de mais empregos e mais direitos. Precisamos vencer os vírus da pandemia e do bolsonarismo. Vamos resistir e vamos lutar – por mais vacina, mais indústria, mais empregos! Viva a categoria metalúrgica! Fora, Bolsonaro!

Betim, 22 de maio de 2021

A 2ª Plenária Nacional dos Metalúrgicos