A taxa básica de juros no Brasil, conhecida como Selic, chegou a seu maior patamar desde 2006. Na última quarta-feira (18), o Copom (Comitê de Política Monetária, ligado ao Banco Central) elevou o índice em 0,5 ponto percentual – de 14,75% para 15% ao ano. Foi o sétimo aumento seguido da Selic.
Embora admitam “uma interrupção no ciclo de alta de juros”, os nove membros do Copom deixam claro que “não hesitarão em prosseguir no ciclo de ajuste caso julguem apropriado”. Em outras palavras, ainda que a atual taxa de juros já seja penosa para a indústria nacional e para o povo brasileiro, o castigo pode piorar.
Sob a presidência de Gabriel Galípolo, o Copom alega que a Selic é o remédio amargo para o mal da inflação, que está “acima da meta”. Nos últimos 12 meses, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, considerado “a inflação oficial do Brasil”) acumula uma alta de 5,32%, segundo o IBGE. Como todos nós sabemos, a inflação dos alimentos está ainda maior.
É preciso, sim, combater a alta de preços – mas o remédio não pode ser mais devastador que a doença. Para os tecnocratas do Copom, “o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda tem apresentado algum dinamismo, mas observa-se certa moderação no crescimento”.
Reparem bem: o Copom não esconde que, nesse momento, atua para desacelerar a economia e promover o desemprego. E o pior: diz que faz essas maldades para nosso bem, pois, na visão deles, a única preocupação relevante é com a inflação. Para o Copom, vale tudo – inclusive o caos –, desde que a inflação esteja sob controle.
É claro que essa lógica não se sustenta. Ao forçar a desaceleração da produção e do consumo, o Copom ignora que o País precisa crescer, se desenvolver, distribuir renda e promover justiça social. Sob o terceiro governo Lula, iniciado em 2023, a economia brasileira está repleta de indicadores positivos, apesar das pressões do mercado financeiro e do ambiente externo desfavorável.
Um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic pode parecer pouco, mas, segundo o Tesouro Nacional, custa cerca de R$ 13 bilhões para a União. Com uma canetada, o Copom tira do governo mais do que um orçamento anual do Bolsa Família (hoje estimado em R$ 12 bilhões).
Além disso, a Selic nas alturas torna créditos e financiamentos menos atrativos. Assim, o setor produtivo suspende investimentos, diminui a produção e passa a demitir. Quem ganha é apenas o mercado financeiro.
Em 2024, quando o orçamento federal executado foi de R$ 4,684 trilhões, nada menos que 43% desse valor já foram para o pagamento de juros – bem mais que os 6% para a Assistência Social, 4,1% para a Saúde e 2,9% para a Educação. O povo brasileiro já está pagando a conta desse sistema perverso – e, se depender do Copom, vai pagar ainda mais.
Em nome da reindustrialização, do crescimento econômico da geração de empregos e da valorização do trabalho, é hora de romper com essa política de juros altos. As principais iniciativas do governo para a infraestrutura nacional e a indústria, como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e a NIB (Nova Indústria Brasil), estão no rumo certo. A Selic, no entanto, limita suas conquistas.
Só vamos avançar efetivamente se a política monetária, a cargo do Banco Central, tiver compromisso com os interesses nacionais e populares. Mas as últimas mudanças em sua composição não tiveram os resultados de que o povo brasileiro tanta necessita. Fora, Galípolo!

Alex Custodio
Presidente da Fitmetal (Federação Nacional de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) e do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região, além de membro da direção nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)