Editorial

Trabalhadores querem segurança e paz – não chacina e medo

Em busca de holofotes e votos, o Rio de Janeiro trocou as operações planejadas, baseada na Inteligência, pelo espetáculo da violência e do medo, que mantém o ciclo da insegurança inalterado


POR FITMETAL

Publicado em 31 de outubro de 2025

Foto de Agência Brasil

Uma megaoperação policial realizada nesta semana no Rio de Janeiro, sob responsabilidade exclusiva do governo Cláudio Castro (PL), surpreendeu não pelo êxito de seus objetivos – mas por suas consequências desproporcionais. Homens da Polícia Civil e da Polícia Militar foram às ruas para cumprir 180 mandados de busca e apreensão e cem mandados de prisão. O pretexto era combater o crime organizado – particularmente o Comando Vermelho –, com ações concentradas nos complexos da Penha e do Alemão, na zona Norte do Rio.

Mas a Operação Contenção – que já é a mais letal na história do Brasil – terminou com um saldo de mais de 120 mortos, incluindo quatro policiais. Os corpos alvejados – muitos deles torturados, quase todos negros – passam pelo processo de perícia, identificação e liberação. Cláudio Castro garante – sem apresentar provas – que as vítimas já reconhecidas tinham ficha criminal. Numa espécie de ato falho, o governador admite que as forças policiais fluminenses estão livres para exterminar a população, desde que o alvo já tenha praticado algum crime, seja este qual for.

Afrontando a Constituição e a Justiça, o Poder Executivo tenta legitimar a lógica midiática (e pouco eficiente) da carnificina. À frente do governo há seis anos e reeleito em primeiro turno em 2022, Cláudio Castro fracassou na área de segurança pública. A operação desta semana não foi a primeira de sua gestão, não foi a segunda e, provavelmente, não será a última.

Em busca de holofotes e votos, o Rio de Janeiro trocou as operações planejadas, baseada na Inteligência, pelo espetáculo da violência e do medo, que mantém o ciclo da insegurança inalterado. Pergunte a qualquer morador das comunidades atingidas se ele se sente mais seguro depois da chacina. Sim, o Comando Vermelho teve perdas – humanas e materiais. Mas as fontes de financiamento ao crime organizado seguem intactas, e a cúpula da organização não deu sinais de refluxo.

Onde os trabalhadores pedem segurança e paz, o governo do Rio de Janeiro oferece chacina e medo. Esse show de horrores precisa acabar. É preciso combater o crime organizado de forma articulada, coordenada e eficiente. Que o governo Cláudio Castro seja responsabilizado por seus abusos criminosos e pelas graves violações de direitos humanos. Que o Congresso aprove, com celeridade, a PEC da Segurança Pública e o Projeto de Lei Antifacção, para fortalecer a luta contra o crime organizado. O povo trabalhador – especialmente o povo periférico, já às voltas com tantas vulnerabilidades – merece a paz.

Betim, 31 de outubro de 2025

Alex Custodio
Presidente da Fitmetal (Federação Nacional de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil)

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