Uma megaoperação policial realizada nesta semana no Rio de Janeiro, sob responsabilidade exclusiva do governo Cláudio Castro (PL), surpreendeu não pelo êxito de seus objetivos – mas por suas consequências desproporcionais. Homens da Polícia Civil e da Polícia Militar foram às ruas para cumprir 180 mandados de busca e apreensão e cem mandados de prisão. O pretexto era combater o crime organizado – particularmente o Comando Vermelho –, com ações concentradas nos complexos da Penha e do Alemão, na zona Norte do Rio.
Mas a Operação Contenção – que já é a mais letal na história do Brasil – terminou com um saldo de mais de 120 mortos, incluindo quatro policiais. Os corpos alvejados – muitos deles torturados, quase todos negros – passam pelo processo de perícia, identificação e liberação. Cláudio Castro garante – sem apresentar provas – que as vítimas já reconhecidas tinham ficha criminal. Numa espécie de ato falho, o governador admite que as forças policiais fluminenses estão livres para exterminar a população, desde que o alvo já tenha praticado algum crime, seja este qual for.
Afrontando a Constituição e a Justiça, o Poder Executivo tenta legitimar a lógica midiática (e pouco eficiente) da carnificina. À frente do governo há seis anos e reeleito em primeiro turno em 2022, Cláudio Castro fracassou na área de segurança pública. A operação desta semana não foi a primeira de sua gestão, não foi a segunda e, provavelmente, não será a última.
Em busca de holofotes e votos, o Rio de Janeiro trocou as operações planejadas, baseada na Inteligência, pelo espetáculo da violência e do medo, que mantém o ciclo da insegurança inalterado. Pergunte a qualquer morador das comunidades atingidas se ele se sente mais seguro depois da chacina. Sim, o Comando Vermelho teve perdas – humanas e materiais. Mas as fontes de financiamento ao crime organizado seguem intactas, e a cúpula da organização não deu sinais de refluxo.
Onde os trabalhadores pedem segurança e paz, o governo do Rio de Janeiro oferece chacina e medo. Esse show de horrores precisa acabar. É preciso combater o crime organizado de forma articulada, coordenada e eficiente. Que o governo Cláudio Castro seja responsabilizado por seus abusos criminosos e pelas graves violações de direitos humanos. Que o Congresso aprove, com celeridade, a PEC da Segurança Pública e o Projeto de Lei Antifacção, para fortalecer a luta contra o crime organizado. O povo trabalhador – especialmente o povo periférico, já às voltas com tantas vulnerabilidades – merece a paz.
Betim, 31 de outubro de 2025
Alex Custodio
Presidente da Fitmetal (Federação Nacional de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil)
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